quinta-feira, 22 de abril de 2021

Fiat Lux: como um ato imperial pode iluminar os amigos!

Por ordem de Sua Majestade Imperial, Wladimir Ulianov, I, O Imprudente, aos Vinte e Dois Dias do Mês de Abril do Ano de Dois Mil e Vinte e Um, faço a todos os súditos do Reino Unido da Terra Plana, a planície goytacá, e a todos aqueles que aqui estiverem, que a partir desta data, revogados todos os atos em contrário, passará a vigorar este ato régio, conforme seus Artigos e dispositivos que seguem:


Artigo 1º

Este ato se destina a regular as novas diretrizes para a contratação de serviços e bens públicos pelo Tesouro Real, e especificamente aqueles dedicados ao trato da Iluminação do Paço Real, das serventias da Corte e dos Feudos unidos a este Reino, desde a fronteira norte, com os selvagens capixabas até o sul limitado pelas terras capitaneadas pelo Barão de Quissamã, e todos os demais marcos geográficos onde se confirmam as possessões de Sua Majestade Real.

§ 1º - Ficam suspensos todo o bom senso, a moralidade, a economicidade, a boa-fé, e todos demais princípios dos atos administrativos, e por fim, o zelo com o Erário, diante da emergencial necessidade de atender aos interesses dos fiéis cruzados empresariais que lutaram ao lado de Sua Majestade Imperial durante a sangrenta luta eleitoral contra os infiéis e bárbaros clãs dos MacBacellarius e associados;

I- Contratos licitados pelo Pregoeiro-mor anterior (que deve ser decapitado), mesmo que porventura ainda vigorem, serão substituídos por outros de maior valor, cujos processos devem ser simplificados ao máximo, mesmo que se trate de mesmo serviço e bens em igual quantidade, sendo certo que se não há justificativa para tanto, bastará apenas a Sacra Vontade de Sua Majestade;

II- Serão considerados inimigos reais todos aqueles que ousarem questionar os termos deste ato e levados às barras da Sagrada Ordem da Inquisição da Lapa;

III- Os casos omissos serão decididos em Actus Inquisitorium, cujas decisões finais caberão a suprema e indiscutível sapiência de Sua Majestade e seu conselho de nobres.

Divulgue-se, publique-se e CUMPRA-SE.

Fiat Lux (Faça-se a luz)!


quarta-feira, 21 de abril de 2021

Wladimir, o indeciso: no topo do mundo!

 


Lei Imperial Tibet(*).

Aos Vinte Um Dias do Ano de Dois Mil e Vinte e Um da graça de Nosso Senhor, nas terras sob o Imperium de His Royal Majesty Wladimir Ulianov I, o indeciso, saibam todos e a todos faço saber por esse edital, que publico por ordem da Sua Majestade, que:

A partir desta data, revogando todas as certezas em contrário, a cidade imperial de Campos dos Goytacazes e seus fiéis súditos e todos aqueles que aqui estejam, ainda que de passagem, estão proibidos de dizer que os índices de mortalidade, de internações e infectados pelo vírus covidus orientalis  estejam em curva ascendente;


Artigo 1º.

§ 1º- Todos os conceitos e teorias sobre a realidade da doença nas terras de Sua majestade passam a ser definidas como mentirosas, salvo nas condições expressas abaixo:

I- A atual situação está sob controle de Sua Majestade e sua competente equipe;

II- As doses usadas por orientação dos Sumos Sacerdotes do Evangelho do Bolsofagismo, que deveriam ser usadas como reserva de segunda dose não serão mais necessárias no tempo previsto pelos hereges e infiéis cientistas dos laboratórios profanos, que a partir de hoje são declarados para efeitos do Inquisitorum Libelum como "bruxos", sujeitos à morte na fogueira de algoritmos;

III- Não há pessoas na fila de espera por leitos, há um processo necessário de desospitalização da doença, que Sua Majestade em sua infinita sabedoria, grandeza e bondade resolveu instalar;

IV- Não há mortes causadas por incompetência, e sim God Acts (Atos de Deus), que Sua Majestade e sua Corte, com enorme sacrifício de suas consciências, aceitam cumprir como faz o Arcanjo Gabriel desde tempos imemoriais;

V- O comércio, a economia, os restaurantes e academias são as razões de Estado de Sua Majestade, pois se é mais fácil um camelo passar em uma agulha que um rico entrar no reino dos Céus, como terá recursos Sua Majestade para construir "agulhas" nas rodovias para que possam ali transitar os camelos dromedários?


(*) - Como a curva de infecção e mortes se "estabilizou por cima", Sua Majestade em sua infinita sabedoria achou por bem de "apelidar" este régio ato como "Tibet", alto e com ar escasso.

De cara nova, mas o mau cheiro de sempre!

 Nosso novo nome para este blog tem dois objetivos:

O primeiro é auto-explicativo, ou seja, a gente não vai mais dourar a pílula, pois não dá para viver na merda e tentar disfarçar com perfume francês.

Aliás, não temos dinheiro hoje nem para Leite de Rosas.

Como uma flatulência mal cheirosa, daquelas que emanamos depois de três horas de rodízio de carne bovina, com sobremesa de sorvete de chocolate com calda de doce de jenipapo, nosso objetivo é avisar que a merda está por vir...

Já o segundo objetivo, e por assim dizer, subsidiário, é encerrar esta fase pandemia, já que o descaso, a incompetência, tudo "arrumado" dentro da lógica genocida e "evolucionista" do capitalismo, que reserva as melhores chances de sobrevivência aos mais ricos, enquanto pobres vão para o esgoto, parecem ter criado uma certa "imunidade" à realidade.

Isto é, nos acostumamos com mortes, 370 mil ou muito mais, considerando que os chamados "números oficiais" são comprovadamente e criminosamente mascarados pelo "delay" estatístico, nos acostumamos com falta de insumos, pessoas sufocando, ataque às redes de proteção social, "teto de gastos" ( nosso Auschwitz orçamentário), etc, etc, etc.

Então, seguindo a "manada", vamos fingir que tudo isso é "assim mesmo", e vamos "superar".

Afinal, como o conceito genial de um roteiro de um filme da Netflix, que assistia ontem ou anteontem com minha esposa, cujo título está aí embaixo:

"O pensamento é a coisa mais próxima da realidade, porque você pode fingir palavras ou gestos, mas você não consegue fingir o que pensar".



Talvez seja isso...

Já que na era da geração dos imbecis das consoantes ("kd", "vc", "tb", "msm") a atividade de pensar parece cada vez mais rara, talvez este "excesso de realidade" tenha nos afastado da "verdade" dos nossos pensamentos...

É isso!

O "excesso" de gestos e falas que nos assolam e nos soterram como uma avalanche de fatos nos impedem de refletir, e por isso a "realidade" é tão fake hoje em dia...


Este "novo" blog é uma manifesto a mais pessimismo, mais silêncio, mais reflexão...

Pois o único jeito de ser feliz é sendo burro...e na era da ditadura das individualidades e da busca pela "felicidade obrigatória", só a "tristeza" nos salvará da burrice contente e orgulhosa de si mesma!

"deus acima de todos"...(risos nervosos)...

Bem-vindos, e lembrem-se:

O otimista acha que está tudo uma merda, já o pessimista tem certeza de que a merda não dará para todo mundo... 





segunda-feira, 12 de abril de 2021

quinta-feira, 8 de abril de 2021

A volta na planície em 98 dias.

Com as devidas licenças e escusas a Julio Verne, o célebre autor de "A Volta Ao Mundo Em 80 Dias", tomei emprestado parte do título para dar uma dimensão aos poucos leitores e leitoras deste texto dos percursos e caminhos simbólicos e reais percorridos pelo atual Prefeito da cidade de Campos do Goytacazes.

Muita gente vai esperar os 100 dias.

Como não tenho muito talento para a coisa, decidi chamar à atenção escrevendo antes, ou, "onça que acorda cedo, bebe água mais limpa".

Pois bem, introduções feitas, vamos à vaca fria.

É preciso dividir a análise em duas, para depois, ao fim reunir novamente.

Desnecessário falar sobre a Dinastia Garotinho no cenário histórico recente da política regional e local, e quiçá nacional, para o bem ou para o mal.

No entanto, nenhuma consideração ou teoria séria sobre o desempenho do herdeiro deste legado político poderá se afastar muito da influência que seus pais têm sobre ele.

Tenho observado com especial atenção ao jeito do atual Prefeito, e sua aparente tentativa de estabelecer uma divisa drástica com a fracassada administração anterior, ao mesmo tempo que busca fazer a todos crerem que não é uma repetição dos seus pais, ou melhor dizendo, não é a volta da roda da História.

Por óbvio que isso seria impossível, mas o fato é que o atual Prefeito tem procurado estabelecer pontes ou recuperar aquelas rompidas pelo desgaste natural do projeto político de seus pais, e nisso também eu contrabandeio uma psicologia de botequim ao dizer que me parece que o atual Prefeito buscar romper com esta identificação política com seus pais, porém ao mesmo tempo, e paradoxalmente, precisa dela, pelo menos enquanto não tiver a sua imagem própria.

Aí que mora o perigo desta jornada de quase 100 dias, esta volta ao "pequeno mundo de Bob", a planície.

O atual Prefeito é parte de sua geração, conectada, individualista, com pouca leitura, ou com leitura de pouca densidade, salvo raras e honrosas exceções.
Esta geração se comunica por um dialeto entrecortado de imagens ("emojis") e contrações gramaticais ("vc", "kd"), afeita à superexposição, de respostas e atos instantâneos e, algumas vezes, irrefletidos, superexcitados e com tendências ao desânimo profundo.

Este corte geracional é fruto do derretimento das esferas públicas de sociabilidade, do fim do capitalismo como sistema de organização econômica, e ao mesmo tempo, da sua ordem política de representação.

É a geração do fim do mundo como o conhecemos, e da ditadura da individualidade.

É tudo ao mesmo tempo agora!

Montar um capital político dentro deste contexto não é algo fácil, ainda mais em meio a pandemia, que pode ser colocada como o maior evento histórico deste início de século, e dentre os mais importantes da Humanidade em todos os tempos.

A oscilação do atual Prefeito com relação às suas responsabilidades diante do quadro sanitário de catástrofe, ora parecendo que vai endurecer e agir como gestor público, ora pendendo para ceder às pressões dos necro-comerciantes, ou melhor dizendo, os mercadores da morte, é em parte fruto de sua compreensão geracional de mundo, além, é claro, de seus compromissos e interesses políticos.

Eu torço muito para que tais interesses se alinhem à esquerda, embora eles pareçam muito com o viés liberalismo-popular-evangélico praticado por seus pais, com algumas modernizações de estilo.

O pânico da impopularidade, o receio de "desgostar" a todos, ou pior dizendo, a tentativa ingênua de querer agradar a todos, a incompreensão (confusão) do significado de um gesto democrático do diálogo, e assim de entender a impropriedade de chamar ao debate quem não poderá contribuir com mais nada que seus próprios mesquinhos interesses, é resultado desta inexperiência geracional.

Este "assembleísmo" nunca trará soluções e conforto político, porque o dilema ali debatido é falso, pois não há economia sem gente viva, e porque neste caso de suprema emergência, o poder público não pode perguntar o que fazer, ele tem que saber o que fazer, e fazer, ponto final!

Se errar ou acertar, assuma e aceite as consequências, mas a "terceirização" do risco não cabe neste contexto trágico que a cidade vive, e principalmente porque o setor dos mercadores da morte não vai assumir nenhum ônus quando os corpos estiverem dispostos nas ruas, como aquele cenário deprimente do Equador (Guayaquil), no ano passado.

Aqui esta viagem de 98 dias pela planície faz uma inflexão do campo pessoal-político do Prefeito para o campo geral de análise.

Tudo isso que dissemos aí em cima está mergulhado no cataclismo mundial trazido pela hegemonia brutal das finanças sobre a realidade produtiva.

A gestão das cidades é um micro-universo que nos revela que não há saída próxima, e talvez nenhuma saída possível.

Os orçamentos públicos estão estagnados em um círculo, ou quem sabe uma espiral, quando os setores produtivos não conseguem responder para gerar emprego e renda, e por conseguinte, tributos, demandando mais e mais os parcos recursos públicos, que se esvaem dia-a-dia, trazendo para o ralo o tecido social.

Por certo a pandemia agravou o quadro e acelerou seus efeitos, no entanto, o cenário já nos rondava há tempos.

Não há mais pactos "sub-keneysianos" possíveis para o capitalismo de periferia onde estamos.

Aquilo que chamavam de democracia, e nunca foi de verdade, porque nunca deu chance a qualquer projeto político que ousasse alterar os rumos do capitalismo, esta encenação representativa virou uma arena de ruídos, onde todos gritam e ninguém apresenta nenhuma razão!

Ou seja, se a "democracia" era algo falso, mas tolerável, o que vivemos hoje é insuportável e incapaz de solucionar os embates que vêm por aí, restando espaço apenas para soluções de força.

Não há mais dinheiro "novo", só há dinheiro, e ele está concentrado nas mãos do 1% dos ultra-mega-super-ricos do planeta, que reúnem a riqueza maior que a acumulada pelos 99% restantes.

Dentro deste 1% de super ricos, 10% deles acumula mais da metade da riqueza dos outros 90% dentro desta camada destes super ricos.

Nenhum arranjo tributário hoje consegue alcançar politicamente e economicamente este patamar de concentração.

O resultado?

A tempestade perfeita, tudo em nanosegundos, ao vivo, em rede neural universal, onde cada unidade pessoal (ser humano) é uma bomba relógio de frustrações e de demandas sem perspectiva de qualquer futuro.

Como cantou Gilberto Gil: "antes mundo era pequeno, porque terra era grande".

Parabolicamará.

Antes mundo era pequeno
Porque terra era grande
Hoje mundo é muito grande
Porque terra é pequena
Do tamanho da antena parabolicamará
Volta do mundo, camará
Mundo dá volta, camará
Antes longe era distante
Perto, só quando dava
Quando muito, ali defronte
E o horizonte acabava
Hoje lá trás dos montes, den de casa, camará
Volta do mundo, camará
Mundo dá volta, camará
De jangada leva uma eternidade
De saveiro leva uma encarnação
De jangada leva uma eternidade
De saveiro leva uma encarnação
Pela onda luminosa
Leva o tempo de um raio
Tempo que levava Rosa
Pra aprumar o balaio
Quando sentia que o balaio ia escorregar
Volta do mundo, camará
Mundo dá volta, camará
Esse tempo nunca passa
Não é de ontem nem de hoje
Mora no som da cabaça
Nem tá preso nem foge
No instante que tange o berimbau, meu camará
Volta do mundo, camará
Mundo dá volta, camará
De jangada leva uma eternidade
De saveiro leva uma encarnação
De jangada leva uma eternidade
De saveiro leva uma encarnação
De avião, o tempo de uma saudade
Esse tempo não tem rédea
Vem nas asas do vento
O momento da tragédia
Chico, Ferreira e Bento
Só souberam na hora do destino apresentar
Volta do mundo, camará
Mundo dá volta, camará
Volta do mundo, camará
Mundo dá volta, camará
Volta do mundo, camará
Mundo dá volta, camará
Volta do mundo, camará
Mundo dá volta, camará









 

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