quinta-feira, 1 de outubro de 2020

Somos todos todo mundo, menos o que deveríamos ser.

 

Olhem o trecho de um texto atribuído a certa jogadora de vôlei de praia, que tem sido admoestada por suas supostas opiniões antigoverno:
"(...)Não sou de nenhum partido, não sou ativista, sou uma atleta. É o que gosto de ser. Eu amo meu esporte, represento meu país em campeonatos mundiais desde meus 16 anos e espero que o ambiente esportivo seja sempre um lugar democrático, onde os atletas tenham liberdade de expressão.
⠀(...)"
É disso que a esquerdalha festiva adora: Tomar a naba no fiofó.
Ao lançar-se na defesa irracional das palavras da moça, em busca de ídolos e heróis que nos substituam na ação política, como outro imbecil chamado Gregório Duvivier, e tantos outros, a esquerda segue perdendo de goleada no jogo semiótico.
Claro que o alcance e a capacidade verbal dos ídolos seduzem, e nos fazem aceitar que eles sejam intermediários da nossa narrativa.
Mas o risco está aí em cima.
A moça quer só se expressar, não quer militar, não quer partidarizar, enfim, não quer politizar a questão, como se falar contra um governo e suas ações, sabendo desde já que sua fala repercute pelo local de fala que ocupa (ídolo do esporte) pudesse estar resumida a "liberdade de expressão", inscrita na mais cachorra das instâncias atuais: as pautas identitárias, de gênero e ambientais.
Vejam bem, todas estas discussões são urgentes, mas não fazem qualquer sentido sem o debate e a luta contra o sistema (capitalista) que não só lhe dão causa, como as sistematiza para aumentar sua concentração de riquezas e as desigualdades estruturais entre todos, mesmo reconhecendo que nas categorias em questão (negros, mulheres, e ambiente) haja um peso extra de opressão e perigo.
Aí a moçoila do vôlei de praia, ela mesma ocupante das camadas mais beneficiadas do sistema (capitalismo do entretenimento), faz sua estréia na cacofonia distópica dos fluxos de "opiniões" políticas e agora pede arrego.
Ela quer só falar, expor sua "consciência", sem dar o mínimo de coesão e/ou coerência com as relações de causalidade que movem aquilo que ela diz lhe incomodar.
Culpa dela?
Claro que não!!!
Culpa da imbecilizada e domesticada esquerda atual.
Somos todos Carol, Charles Hebdo, Pantanal, Amazônia, Mico Leão Dourado, Criança Esperança, George Floyd, Vila Sésamo, Três Porquinhos, mas não seremos nunca o que devemos ser!!!!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Quem faz a fama, deita na ca(â)ma(ra)? Um breve momento na Gaiola das Loucas!

  Algo vai muito mal quando juízes e policiais protagonizam política, e pior ainda, quando são políticos que os chamam para tal tarefa... Nã...