Ninguém duvida que José Cândido de Carvalho é uma das glórias da terra da goiaba.
Apesar das comparações com Sérgio Porto, o indefectível Stanislaw Ponte Preta, de quem o acusavam de ter plagiado o estilo, é certo que o regionalismo da sua narrativa já poderia encerrar esta questão, até porque, o humor e os trejeitos discursivos não são propriedade de ninguém.
O fato é que as histórias de Zé Cândido seduzem pela graça, agilidade e claro, pela fidelidade aos tipos locais.
Sou fã dos dois.
Tão importante a obra de Zé Cândido que nossa Prefeitura Municipal tem por logradouro um de seus personagens mais famosos, Coronel Ponciano de Azeredo Furtado, da obra O Coronel e o Lobisomen.
Parece loucura, mas eu creio que Campos dos Goytacazes é a única cidade do Brasil que tem por endereço da prefeitura um personagem fictício.
Aliás, poucas obras emprestam seus personagens a nomes de ruas ou outros equipamentos públicos.
Somos quase uma cidade de faz-de-conta.
Olhando de perto, somos mesmo.
Neste cenário "irreal" é rara ironia que um dos personagens centrais das tramas políticas atuais, o quase-vice-prefeito, compartilhe o mesmo nome de um dos personagens de Zé Cândido.
Há outras semelhanças, como o fato do personagem e do vice-precário serem ligados ao setor sucroalcooleiro, e bem poderíamos dizer que os temperamentos de ambos coincidem na discrição.
As convergências acabam aqui.
Se no livro, o Frederico era um esperto e sorrateiro empresário, que rivalizava com seu parente espalhafatoso (Quincas), na vida real o nosso Frederico é algo perto de uma fraude.
Foi alçado a condição de portador das mensagens e humores das elites canhestras e decadentes locais, o povo da "pedra" (que ironicamente parece viver na "idade da pedra", mas e acha moderníssimo), ou seja, o interlocutor dos bem nascidos junto à "barbárie garotista".
O usineiro seria a "ponte" entre estes dois mundos.
Não foi sequer uma pinguela.
Os resultados na "pedra" mostram uma avalanche de votos no rebento mimado do ex-prefeito Arnaldo Vianna, o que causou um risco real de que o candidato da dinastia da Lapa perdesse a eleição, justamente nas zonas eleitorais que esperava poder contar com o "poder de atração" do seu vice.
Nem mencionemos o já pisado e repisado erro grave do vice-precário ao "esquecer" de deixar o posto de diretor de hospital, o que trouxe impugnação do registro da chapa.
O prefeito-precário, por outro lado, acredita no conto do Frederico, e segue hipotecando-lhe raro apoio e missões bem mais importantes que o acervo do moço em benfeitorias à chapa que integrou.
Esperemos que o céu de Frederico não desabe sobre a cabeça do prefeito-precário.
Por enquanto, não trouxe votos e só criou problemas...mas há razões no amor e na política que a própria razão desconhece.
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