Já dizia Rui Barbosa que justiça tardia nada mais é que injustiça qualificada.
Pode ser...
Eu sempre escrevi que sou contra, totalmente contra a intervenção estatal nos assuntos políticos partidários, ou seja, na tutela do TSE e outros tribunais sobre os processos políticos.
Favor não confundir com um chamado à impunidade, nada disso.
Delitos e irregularidades devem receber atenção administrativa e judicial, mas sem a existência de uma "justiça especial", que comprovadamente, mais legisla sobre eleições que fiscaliza irregularidades, e quando o faz, traz mais instabilidade que estabilidade aos pleitos eleitorais que diz querer proteger.
Dito isso, passemos ao nosso assunto de interesse hoje.
A decisão da próxima quinta-feira, que poderá confirmar ou cassar o registro da chapa do candidato mais votado nas eleições de Campos dos Goytacazes, o herdeiro da dinastia da Lapa, é um destes casos de "justiça tardia".
Digo o porquê:
O singelo argumento do candidato a vice impugnado é um primor, ele que era diretor de um hospital subvencionado por por verbas públicas na maior parte de seu orçamento.
Ora, o candidato diz-nos, e diz aos juízes, que ele não sabia que precisava se desvincular do hospital, e que em outros casos semelhantes, há julgados que garantam esta permanência.
Um assombro.
De tanto usar o cachimbo, eis que a boca entorta.
Anos e anos as empresas de saúde, hospitais privados, todos mascarados em títulos como filantrópicos, sem fim lucrativos, e que tais, misturaram tanto das verbas públicas com seus caixas, que agora eles sequer conseguem enxergar a diferença entre a natureza e origem destes recursos.
Não enxergam também a impropriedade de um diretor de entidade mantida quase em sua totalidade por verbas públicas, ser candidato a algum cargo eletivo, ainda mais quando este cargo terá influência direta na destinação, emprego e fiscalização destas verbas.
Parece "justiça" enfim que ele seja impedido justamente por não entender (ou fingir que não entende) esta diferença.
Mas isso não é um alento.
Os primeiros nomes da equipe do quase-futuro-prefeito, ou prefeito-precário denotam que a cidade continuará sob as botas das mesmas elites.
O viés de desenvolvimento econômico?
Um lojista, desprovido de qualquer olhar social sobre os aspectos de desenvolvimento.
Equipe de transição de saúde?
Médicos ligados a tal rede contratualizada.
Quem sabe agora um dono de empresa de segurança privada para a secretaria de segurança, um dono de supermercado para administrar os programas sociais de alimentação e segurança alimentar, e por aí vamos?
E não se iludam...quaisquer outros dois candidatos subsequentes (segundo e terceiro colocadas) mais votados iriam pelo mesmo caminho.
Talvez até o PT fosse por este caminho, a julgar a apoio envergonhado dado ao filho do prefeito-Canecão.
Há anos a melhor saída de Campos dos Goytacazes é a BR 101.
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